mardi 16 octobre 2007

o dasein romântico da Floresta Negra

o meu lado voyeur aprecia janelas, principalmente em Paris, onde vivo rodeada por elas, mas ele se excita ainda mais ao explorar correspondências íntimas, um campo em que as almas se despem com menos timidez e entregam uma parte da sua essência. toda alma tem a sua beleza, mesmo que o ser esteja aprisionado a um corpo que não se ama.

"Ma chère petite âme: Lettres de Martin Heidegger à sa femme Elfride" é uma janela e tanto. as cartas, selecionadas pela neta do casal, Gertrud, nos entregam não um dos maiores filósofos do século XX, mas o homem Martin, o "petit Maure" (pequeno mouro) de Elfride, um marido que se sentia inferior a ela, deusa alta e loura, símbolo da Alemanha ariana que se consolidava; o marido traído que tentava superar o orgulho ferido espezinhando o intelecto do seu rival burguês, o médico Friedel Caesar, e pai biológico de seu caçula Hermann; o conquistador contumaz de mulheres (a judia Hannah Arendt entre dezenas delas) que arriscava explicar com mitologia, à Elfride, "os seus passos essenciais".

as cartas abrangem o período de 1915 a 1970 e são dedicadas ao dia-a-dia, que é o que monta grande parte dos capítulos do "Ser e o Tempo" da vida de um casal. as fervorosas posições políticas à favor do nazismo, das quais Elfride era incendiária, talvez estivessem mais arrebatadoras nas cartas que faltam: não há correspondência entre os anos de 1933-35, mas o assunto está sempre presente. e o amor, claro!


o ser que tudo sabe e tudo perdoa (carta de 30/08/1919):

“Tua carta chegou cedo esta manhã e eu já sabia o conteúdo. Falar em demasia e tudo analisar detalhadamente não leva a nada. Bastava que você me tivesse dito da tua maneira simples e direta. Eu não entendo de fato por que você se diz “estraçalhada” e eu recuso igualmente receber qualquer justificativa pseudo-psicológica – não por indiferença – mas porque eu te quero tanto que eu posso te ter de maneira imediata, que Friedel te ama, eu sabia há muito tempo – te interrogar sobre isto me teria parecido mesquinho – eu estou, talvez, surpreso que você não tenha me falado antes. É também característico de Friedel se sentir inibido por mim e, além do mais, claro, que ele só veja em mim um intelectual desajeitado aos horizontes burgueses. Seria ingênuo de minha parte e seria desperdiçar minhas forças que dele eu esperasse mais do que isso. Ao contrário: eu tentei lhe ser agradável e de lhe estimular, mesmo que esta tutela intelectual, à qual eu me rebaixei, me custou não receber jamais do outro a estimulação equivalente e do mesmo nível… Eu tenho confiança em você e em teu amor com a convicção peculiar que meu próprio amor tem por você – ainda que eu não perceba tudo – e que eu não compreenda exatamente qual fonte preenche a multiplicidade do teu amor.


o ser escravo de Eros (carta de 14/02/1970):

“Mas tem duas coisas que, até agora, eu nunca pude te contar sinceramente. De uma parte, o fato que eu não considero o nosso amor e o nosso casamento, apesar da impressão contrária que isso sempre possa parecer, dentro desta dimensão simplesmente prática ou no que eles têm de confortável mesmo, mas você sabe, ao contrário, a qual ponto tuas atividades e tua influência, até nos aspectos os mais mínimos e discretos, fazem parte da nossa vida comum e do meu pensamento como algo de essencial. A outra coisa, que tem uma maneira diferente e inseparável do meu amor por você e do meu pensamento, é difícil de dizer. Eu chamo de Eros, o mais antigo dos deuses segundo a palavra de Parmênide. Eu não te disse nada por enquanto que você não saiba por você mesma, todavia eu não acho a dimensão exata para me exprimir de maneira apropriada. Isso soa provavelmente superficial e sucumbe a uma forma que parece querer justificar vilanias e deslizes. A batida de asas deste deus aflora em mim cada vez que eu faço no meu pensamento um passo essencial e me arrrisco sobre caminhos não frequentes".

samedi 6 octobre 2007

He's Lost Control

“Control”, do holandês Anton Corbjin, acaba de estrear na França e é baseado no livro da viúva Deborah Curtis, "Touching from a distance: Ian Curtis and Joy Division", lançado em 1995. consumido pelo amor de 2 mulheres e aparentemente sem vontade de seguir o rumo da fama que o Joy Division estava prestes à alcançar, Ian Curtis decide partir na véspera da primeira turnê americana. o filme mostra com sensibilidade e beleza lírica os dramas da vida deste artista genial, de alma delicada e tomada pela angústia. o diretor, fotógrafo de bandas como U2, Depeche Mode e Nirvana e que ficou famoso através das fotos que fez do Joy Division, soube criar cenas em preto e branco cheias de poesia: a da tentativa de hipnose em que Bernard Sumner submete Ian e mesmo a da cremação do seu corpo estão carregadas de simbolismo. o drama romântico nos atinge violentamente e Sam Riley quase nos faz acreditar que é o próprio Ian Curtis que está na tela. imperdível!

Por que, em seu primeiro filme, você decidiu falar sobre Ian Curtis ?

Foi uma forma de fechar um ciclo. Foi a música de Joy Division que me estimulou a deixar minha Holanda natal para me aventurar na Inglaterra. Eu fiz fotos da banda e, depois da morte de Ian, elas se tornaram célebres e lançaram minha carreira de fotógrafo. Eu acho que este período, estas experiências de juventude, alimentaram o meu trabalho até recentemente e eu tive vontade de passar pra outra coisa, de trabalhar com coisas mais novas. “Control” marca, talvez, o início de uma carreira de diretor, mas marca também o fim de um capítulo da minha vida.

O que impulsionou Ian Curtis a se suicidar com 23 anos?

Ian estava dividido entre 2 mulheres: Debbie, com quem ele tinha casado muito jovem (aos 19 anos) e a jornalista belga Annik Honoré, que ele havia conhecido num show. No papel, claro, não é uma razão pra se matar. O problema é que ele tinha uma tendência depressiva. Além do mais ele tomava medicamentos contra a epilepsia que, combinados com álcool, causavam fortes mudanças de humor. Na cabeça de Ian, os seus problemas se tornavam insuportáveis.

Você convive com estrelas do rock há mais de 30 anos, por qual razão você acha que eles têm tendência a deixar a vida tão jovens?

São sempre pessoas frágeis. Estar perto da genialidade, às vezes, é lidar intimamente com a loucura.

Sam Riley, o ator que encarna Ian, é fantástico…

Ele foi uma descoberta incrível. Eu não queria alguém conhecido, o que complicava as coisas. Então encontramos Sam. Ele não apenas parece com Ian, ele tem a mesma textura vocal. Teve muitos acasos felizes neste filme, por exemplo: são os atores que interpretam eles mesmos todas as músicas. Foi idéia deles e para ser sincero eu não achava que isso funcionaria. No final o resultado ficou arrebatador.

Por que um filme em preto e branco?

Eu hesitei porque eu estava consciente que isto arriscaria afastar uma parte do público, especialmente dos Estados Unidos. Mas, se a gente pensa em Joy Division, se a gente lembra das fotos que foram feitas deles, elas são todas em preto e branco. Por tudo isso me pareceu ser a escolha certa.

Como foi a sua trajetória ?

Eu cresci numa pequena ilha ao sul de Rotterdam, num povoado onde o meu pai era o pastor local. Eu recebi uma educação fortemente religiosa, protestante, o que transparece no meu trabalho. Eu me tornei um apaixonado pelo mundo da música, que da minha pequena ilha perdida me parecia super misterioso. Eu dedici me aproximar pelo olhar da foto. Claro, isso não foi nada inocente: na religião protestante você não tem icônes, eles são considerados uma heresia. Tanto faz que fotografar me parecesse o auge da rebeldia, mais tarde eu percebi que o meu trabalho não era tão diferente daquele que o meu pai fazia: são as pessoas que me interessam. O ser humano, não o glamour. Minhas fotos, meu trabalho, só discutem isso.

* entrevista concedida à Olivier Bonnard

em 3 anos e apenas 2 álbuns, o Joy Division lançou as bases da new wave e mudou a história do rock. Bernard Sumner, guitarrista da banda e que se tornou o vocalista do New Order, fala do início de tudo.

Como se formou o Joy Division?

A gente vegetava em Manchester, uma cidade assolada pelas crises dos anos 70, as usinas fechavam uma atrás da outra. Então o punk chegou e foi depois de assistir a um show dos Sex Pistols, em 1976, que decidimos montar o grupo. A gente ensaiava nas usinas desativadas com as janelas destruídas. No inverno fazia muito frio, a gente fazia fogueiras pra se aquecer. Nestas condições tão duras você não pode olhar para o exterior para encontrar a beleza, é preciso encontrá-la em você mesmo. Eu acho que é por esta razão que tantos músicos vêm de Manchester.

As “Divisões da Alegria” designavam as mulheres judias que os nazistas usavam como escravas sexuais nos campos de concentração, o que valeu à banda suspeitas de ser simpatizante nazista…

O problema era que os outros nomes que a gente tinha pensado não eram bons: Hooky (o baixista) tinha pensado em Slaves of Venus, Steve (o baterista) em Sunshine Valley Dance Band. Eu vi o nome Joy Division lendo um livro sobre nazistas. Eu sabia que era um pouco duvidoso, mas na época do punk era o nome mais provocante. Nós jamais fomos neonazistas.

Você considerou abandonar o rock depois do suicídio de Ian, em 1980?

Sua morte asfixiou toda a criatividade em mim durante 6 meses. Felizmente, o instinto de sobrevivência levou vantagem. Decidimos formar um novo grupo, o New Order, e de só tocar canções inéditas, nada de Joy Division. Nós lançamos um álbum intitulado “Movement”, em 1981, mas eu não fiquei satisfeito. Foram necessários quase 2 anos para voltarmos à ativa de verdade.

Como surgiu a idéia de misturar o rock e o dance que o New Order foi pioneiro?

Indo às boates de Nova York. Era uma progressão natural porque algumas músicas do Joy Division, como “She’s Lost Control”, incorporavam ritmos meio dance. E depois eu estava super envolvido com a tecnologia, os sintetizadores começavam a aparecer na dance music. A gente completou a mudança na direção eletrônica com “Everything’s Gone Green”, depois “Temptation” e, claro, “Blue Monday”.

* entrevista publicada na revista Nouvel Observateur

jeudi 4 octobre 2007

"I'll Be Watching You"

Andy Summers estava na Taschen de Paris na sexta-feira passada autografando o seu livro "I'll Be Watching You - Inside The Police 1980-83". guitarrista e fotógrafo de uma das minhas bandas preferidas que voltou a se reunir depois de 20 anos para uma série de concertos pelo mundo, ele revirou o baú para montar esta livro incrível. durante 3 anos ele documentou bulimicamente em p&b a intimidade do Police: os bastidores dos shows, o trabalho em estúdio, as viagens, personagens inusitados que cruzaram o caminho da banda, fãs e, principalmente, a alma do Police.

em todos os sentidos o livro é grande (27 x 34cm) e apresenta mais de 600 fotos! é uma mistura de foto-jornalismo com diário ilustrado, Andy comenta e relembra várias situações. a seleção foi dura: ele tinha 25 mil negativos pra vasculhar... para os fanáticos e colecionadores, a Taschen fez uma edição limitada de 1500 cópias, numerada e assinada pelo artista (350 euros).

tem Sting tocando sem roupa no stúdio, fãs largadas em quarto de hotel (muitas vezes nuas), recepcionistas, aeromoças e aeroportos, Stewart Copeland e Sting "lutando", cenas simples do cotidiano da banda (comendo, bebendo, dormindo, no banheiro) e dezenas de fotos das cidades por onde passaram na época em que a banda havia dominado o mundo.

além da carreira musical que nunca parou (são mais de 20 álbuns), Andy Summers já expôs suas fotos, sempre em p&b, em galerias de Nova York, Los Angeles, Tóquio, Amsterdam, Londres e Paris; também publicou os livros: "Light Strings: Impressions of the Guitar", "Throb" e o autobiográfico "One Train Later: a Memoir".

mercredi 12 septembre 2007

Princesa e Rainha do Egito 1954

com filas virando a esquina do Hôtel de Ville todos os dias, "Dalida, Une Vie", teve o prazo estendido até o final do mês, mas a foto ao lado não está nesta que é a primeira exposição promovida em homenagem à estrela.

em 1954, Cleopatre e a então Yolanda, disputaram com outras beldades o título de Miss Egito, na cidade do Cairo. Yolanda, ainda de cabelos escuros, ganhou o cetro e a coroa, Cleopatre foi a primeira princesa. algum tempo depois, Yolanda se tornaria o incrível mito Dalida e Cleopatre, cidadã do mundo, se mudaria com a família para o Brasil.

belas e louras, as 2 amigas foram clicadas nos anos 70, em Paris, numa festa chiquérrima da chez Pierre Balmain, um dos estilistas preferidos de Dalida. títulos à parte, as nobres filhas egípcias nunca perderam a majestade!

p.s.: merci infiniment à Ovadia Saadia, filho-faraó de Cleopatre, que enviou a foto antológica.

mardi 28 août 2007

a marca da estrela

no início do mês fez 45 anos que Marilyn foi obrigada a partir. ela só tinha 36 anos e nunca conheceu Paris! fiquei triste pelas duas quando soube, elas teriam se adorado! dizem que a estrela nunca pisou na Champs Elysées para não rivalizar com Brigitte Bardot, vai saber...

mas na ficção, Marilyn veio dançar no Moulin Rouge e fazer fortuna em Paris. sua personagem Lorelei Lee, na comédia "Os homens preferem as loiras", faz até compras na Maison Balenciaga, um luxo!

no ano passado, o Museu Maillol finalmente trouxe a musa. Marilyn estava linda em sua última sessão clicada por Bert Stern. uma sintonia forte explodiu entre eles e ela topou posar sem maquiagem e super à vontade. no frigobar do quarto, garrafas e mais garrafas de champagne francesa gelaram e esvaziaram.

o editorial era para a Vogue americana, mas grande parte do material foi recusado. as fotos eram ousadas demais, quer dizer, uma estrela não poderia ter cicatrizes e se tivesse, não poderia mostrá-las - divas são perfeitas! as fotos glamour foram publicadas, um dia após a sua morte, e as que Marilyn se mostrava em pêlo, apenas em 1982.

tudo isso pra contar uma das melhores cenas que presenciei em Paris: no Salão da Foto, onde estava à venda alguns originais deste trabalho, um casal jovem com 2 crianças pequenas arrematou o painel com 8 fotos. e eles saíram do complexo do Louvre assim, carregando a estrela nos braços e com os petits pulando em volta feito rãs assanhadas. entre as rosas e seus cachos platinados, Marilyn não tinha nada para esconder.

lundi 20 août 2007

táxi, táxi!


agora é assim que a gente também pode pegar táxi em Paris! o Cyclobulle, um triciclo motorizado cor de gema de ovo caipira, chega depois de fazer sucesso nas cidades de Lille e Lyon. em Amsterdã, Londres e Berlim já transitam faz tempo modelos similares de pousse-pousse, que desafogam o transporte local e emprestam um certo charme rústico às ruas.

o Cyclobulle pode acomodar até 2 pessoas no seu banquinho fofo e a corrida custa menos que um bilhete de metrô (1,40 €)! esta ótima, simpática e barata opção de transporte ainda está começando: tem 5 veículos circulando e está restrita a 3 arrondissements apenas (o 1º, 2º e 3º), mas o táxi-triciclo deve ganhar muito espaço nas ruas de Paris - além do precinho super amigo, ele é um tipo de condução que não polui o judiado meio-ambiente. eu só gostaria que o amarelo fosse um pouco menos gritante...



mardi 14 août 2007

"O Vale das Bonecas"

pra minha alegria, "Valley of the Dolls", de Jacqueline Susann, voltou a ganhar destaque nas prateleiras das livrarias de Nova York. quase dei um grito quando o vi ao lado das novas edições sobre Marilyn Monroe, estrela que tem tudo a ver com o universo abordado no livro.

Jacqueline conhecia bem o mundo que passou para o romance. ela mesmo foi uma atriz que tentou o sucesso na Broadway nos anos 50. suas ambiciosas meninas, Anne Welles, Jennifer North e Neely O'Hara, se conhecem em Nova York e estão em busca do glamour e de uma vida confortável. no meio do caminho nada florido, elas se entopem de pílulas e bebida, mentem a idade, caçam admiradores que banquem seus pequenos luxos e fazem de tudo pra manter o frescor da beleza com métodos que nos fazem rir. na verdade, tudo é muito triste... a mastectomia que dilacerou Jacqueline é purgada no livro, na pele de Jennifer.

na época do seu lançamento, em 1966, as críticas foras as piores. Jacqueline foi retalhada pela conservadora imprensa americana e acusada de pornográfica e vulgar. num país em que Henry Miller e James Joyce foram processados por pornografia isso é o de menos, fora que "O Vale das Bonecas" vendeu feito coca-cola e foi transformado em filme um ano depois. as trágicas heroínas do romance foram vividas na tela por Barbara Parkins, Patty Duke e a ofuscante Sharon Tate.

a talentosa e auto-destrutiva personagem de Nelly, foi construída com elementos das atrizes Judy Garland, Betty Hutton e Frances Farmer. a amiga manipuladora de Anne, a estrela da Broadway Helen Lawson, foi moldada em Ethel Merman, conhecida como "Rainha da Broadway" e com quem Jacqueline teve um caso (ela era bissexual). Jennifer, minha personagem preferida, foi inspirada numa namorada da autora, a pin-up, cantora, dançarina e atriz Carole Landis. algumas preciosas gotas de Marilyn Monroe também foram derramadas. segundo Jacqueline, Tony Polar, o cantor de sucesso e marido limítrofe de Jennifer, teve Dean Martin como fonte. outros dizem que foi Frank Sinatra, digamos que é uma mistura dos 2.

alguns consideram o livro empoeirado, pra mim a escritora foi feliz em apresentar o início de toda a histeria estética que vivemos nos últimos tempos, além de retratar cruamente a sempre excitante e cruel indústria do entretenimento. "O Vale das Bonecas" é uma delícia de se ler!

antes de mudar pra Paris eu me desfiz do livro, em Nova York vou botá-lo novamente na estante, ao lado do telefone cor-de-rosa.

jeudi 9 août 2007

"The Rolling Stones Rock'n'Roll Circus"

toda terça, no canal alemão Arte, tem passado filmes, shows e documentários sobre a época do "Verão do Amor". nesta semana, foi a vez da apresentação do "The Rolling Stones Rock'n'Roll Circus", exibido pela BBC em 1968, com os já ídolos de 20 e poucos anos e que se tornariam ícones absolutos do rock.

idéia original de Mick Jagger, o show com bandas britânicas tocando num picadeiro entre atrações de circo, é imperdível pra quem tem curiosidade ou saudosismo de ver em ação, há 4 décadas, os garotos prodígios do Rolling Stones, The Who, Jethro Tull, Marianne Faithfull (lindíssima!) e a então nova banda de John Lennon, Dirty Mac.

os integrantes dos Stones (ainda com Brian Jones, que morreria tragicamente meses depois), se revezam no posto de mestre de cerimônia e são as estrelas do espetáculo tocando 6 músicas. Keith Richards e Mick Jagger fazem um dueto, cantando descompromissadamente no meio da platéia. sim, Keith é um desafino só e, talvez por isso, cantasse olhando pra baixo... já Mick não cansava de fazer caras e bocas pras câmeras, ele também tira a camisa enquanto canta "Sympathy for the Devil" pra exibir as tatuagens de diabo feitas de canetinha.

mas o grande momento fica por conta de John Lennon e Mick Jagger, conversando como bons sirs na hora do chá. Michael (Jagger) e Winston (Lennon), como eles se tratam, falam sobre o Dirty Mac, formado por Keith Richards (como baixista), Mitch Mitchell (baterista que tocou com Jimi Hendrix) e Eric Clapton (irreconhecível!!!). claaaaaaro que Yoko Ono também participava da banda soltando aqueles grasnados de corvo em sessão de tortura que eu não suporto. eu nunca vou entender Yoko! bom, eu nunca vou entender muitas coisas, deve ser o tal mistério da vida...

"The Rolling Stones Rock'n'Roll Circus" foi dado como perdido até 1989, quando os rolos do programa foram encontrados no meio das tranqueiras do The Who. disponível em dvd, demorou 6 anos pra ser restaurado e vale muito a pena. de uma época em que os sonhos pareciam ser mais viáveis do que agora, mas não devemos desistir jamais! (ai, acho que exagerei, deve ter sido o "Ratatouille"...)

mercredi 8 août 2007

"Hippie"

na livraria do Whitney Museum, em Nova York, a temática atual é a contracultura. além do livro sobre a exposição "Summer of Love • Art of the Psychedelic Era", editado por Christoph Grunenberg, o meu preferido é o "Hippie", do inglês Barry Miles. a capa já é linda (poster de Martin Sharp e Robert Whitaker), o conteúdo perfeito, carregado de fotos, depoimentos e textos explicativos sobre cada evento marcante da emblemática Era de Aquário.

Barry Miles, que escreveu as bios de Frank Zappa, Paul McCartney, Beatles, também é o biografo titular dos beatniks: Allen Ginsberg, William Burroughs, Jack Kerouac, Charles Bukowski e sobre a história da Geração Beat. São Francisco, berço do movimento hippie, não teve segredos pra ele, Barry Milles conhecia todos os seus subterrâneos.

lançado em 2005, "Hippie" tem quase 400 páginas de psicodelia, drogas, política, sexo e rock: Timothy Leary, Beatles, Velvet Underground, Woodstock, Monterey, Hare Krishna, Malcolm X, Fugs, tie-dye, Haight-Ashbury, Jimi Hendrix, Rolling Stones, Paris 68, Geracão do Amor - está tudo no livro. mais do que um tributo ao movimento, "Hippie" é um livro de história sobre uma das épocas mais criativas, libertárias e revolucionárias da humanidade - turn on, tune in, drop out!

mardi 7 août 2007

Summer of Love

"Summer of Love: Art of the Psychedelic Era" não é em Paris, mas como em breve mudo pra Nova York, já vou ensaiando os novos posts. em cartaz no Whitney Museum of American Art até 16/9, a exposição é imperdível pra quem é apaixonado por este período revolucionário de mudanças comportamentais e inspirador, retratado por todos os tipos de arte.

com foco nos pólos da contracultura (São Francisco, Nova York e Londres), "Summer of Love" propõe um passeio psicodélico por salas de vídeo, música, arquitetura, design, fotografia, posters de shows e capas de discos - do final dos anos 60 ao início dos 70.

as salas com projeção de vídeos para se entrar em transe são ótimas, a formação das mandalas, a iluminação e a música sugestivas levam qualquer um pro nirvana. tem também várias cartelas de LSD originais penduradas na parede, imagens de Timothy Leary em eventos, o povo flower-power enlouquecendo nos shows, fotos antológicas dos Beatles, Frank Zappa, Rolling Stones, Andy Warhol, Grateful Dead, todo mundo que marcou a época paz&amor.

pra mim, o melhor foi aproveitar a obra futurista de Verner Panton, "Phantasy Landscape Visiona II" (foto ao lado). pode entrar 5 pessoas por vez e todo mundo se sente à vontade: deita, senta, rola ou se pendura nas formas femininas, confortáveis e de cores fantásticas. felizmente (pra quem está na sala), a "bedel" não expulsa ninguém, pode ficar o tempo que quiser, só não deixa tirar foto de dentro...

para as crianças o grande acontecimento era a sala Aleph Sanctuary, do artista Abdul Mati Klarwein. elas repetiam a fila várias vezes e não se continham ao ver as mulheres com pênis e tanta gente sem roupa transando. ah se fosse em Paris...

e quando tudo termina e você vai parar no restaurante, a surpresa final: o Porsche Cabriolet de Janes Joplin, psicodelicamente pintado por Dave Richards, estacionado no pátio. deu até pra esquecer da temperatura insuportável que estava fazendo em Manhattan!

mercredi 25 juillet 2007

station Vélib'

Paris acaba de ganhar um ótimo presente: o Vélib'. bancado pela prefeitura, o serviço dispõe de 700 estações de bicicleta, a cada 300 metros, espalhadas pela cidade. funciona assim: os 30' iniciais são sempre gratuitos, a gente pega a bicicleta numa estação e a devolve em outra. só a partir da meia hora gasta que o uso começa a ser cobrado, então se o percurso é longo existe a opção de pedir uma carteirinha Vélib' que se carrega com créditos, como se faz com celular. Paris não é mesmo xic*xic além de ser super prática?

Bertrand Dellanoë, o prefeito, disse assim: o Vélib' é um serviço que vai depender muito do humor do parisiense. se ele acorda, o dia está bonito e ele tem vontade de trabalhar de bicicleta, ele vai, senão é só pegar o ônibus ou o metrô. o melhor é que é tudo verdade, a gente vai pra qualquer lugar em Paris sem se preocupar com carro, a vida ganha outro sentido assim! ainda mais pra mim que nunca dirigi...

tudo bem, eu vou falar, o serviço tem um grave defeito: as bicicletas disponíveis no Vélib' não são as italianas da Abici... feitas artesanalmente e com cara de velhinhas, elas reúnem o máximo do conforto e da tecnologia em bicicletas. mas, se fosse assim, o povo ia levar as magrelas pra casa e ia ter barraco todo dia em Paris!

dimanche 22 juillet 2007

Roy Lichtenstein: "Évolution"

um dos artistas mais importantes da Pop Art americana ao lado de Andy Warhol, Roy Lichtenstein, está em cartaz em Paris. inaugurada em junho, na chique Place de la Madeleine, a Pinacothèque de Paris apresenta pela primeira vez uma visão tão completa e inédita da sua obra.

a exposição, organizada pela Fundação Roy Lichtenstein (Nova York) e pela Fundação Juan March (Madri), revela com profundidade todas as fases do processo de criação do artista através de croquis, desenhos, colagens e maquetes que preparam o público para a extraordinária seleção de pinturas e esculturas.

são 97 obras, geradas entre 1966-97, ano de sua morte. o plano da exposição permite a descoberta das fontes de inspiração do artista, como os trabalhos inspirados nos retratos cubistas de Picasso (que Lichtenstein reconhece como influência fundamental na sua arte), em personagens populares como Pato Donald e Tintin, às referências de pintura asiática e do seu próprio universo interior.

além disso, a mostra também exibe um filme realizado pelo artista sobre paisagens marinhas (entre 1964-66), outro sob encomenda de Los Angeles County Museum of Art (1970) enfocando arte e tecnologia e um documentário totalmente inédito produzido em seu atelier, em Nova York (1995).

programa imperdível pra quem estiver em Paris até 23/9.

vendredi 20 juillet 2007

perfume a alma

o mundo anda assim, de mau humor!

alguém que tenta quebrar a imutável rotina de Paris, atira pela janela do 5º andar cadeiras, arquivos e sacos de lixo que surtam na calçada da Général Leclerc. as pessoas tentam se proteger debaixo das marquises, os velhos, sempre eles, chacoalham a bengala pro alto e bufam em coro grave. a mendiga do quartier sai da loja de produtos bio e começa um estranho ritual, na minha imaginação ela se perfuma. joga a embalagem sem olhar pra trás e quando a chuva do apartamento termina eu vou correndo bisbilhotar o que ela largou. para a minha surpresa, a mendiga realmente se perfumava e como uma bobo (patricinha) neo-bio, também usa Bach!

na bula de Vivacité(s), eu leio que o misto de essências spicy elimina as tensões psicológicas, faz emergir o lado positivo de uma situação negativa e promove o encontro da harmonia interior. a vida de um SDF (sigla francesa para "sem domicílio fixo"), mesmo que seja por opção de abraçar a liberdade e renunciar aos paradigmas da sociedade, nem sempre deve ser um mar de rosas.

agora eu me questiono se o perfume é bom o suficiente pra abafar o odor de pomba molhada da clocharde, mas, talvez, o seu cheiro seja a sua defesa e o que importa é a alma. ah, ela também adora café de máquina, ser bio tem seus limites!

lundi 16 juillet 2007

french maid Barbie

eu amo as Barbies de look retrô! a french maid, com este uniforme que é puro fetiche fez a festa dos colecionadores: o saiote engomado com as rendinhas à mostra é très-sexy e a meia-calça arrastão tem um charme matador! a boneca ainda acompanha um espanadorzinho luxo de penas rosa-choque! lançado em 2006, a french maid está completamente esgotada, todas as 5200 empregadinhas foram imediatamente "contratadas"!

pudera, uma serviçal destas reinaria absoluta em qualquer hôtel particulier, mas aviso que não existem francesas neste posto em Paris! quer dizer, encontrar uma que seja BBR há gerações é uma tarefa quase impossível. BBRs legítimas não são empregadas domésticas, nem enfermeiras. os franceses politicamente corretos falam assim: "gente corajosa do leste faz este tipo de trabalho".

semana passada um escandalozinho tomou conta dos jornais locais. uma marca francesa de cosméticos mundialmente conhecida e uma agência de recrutamento de modelos foram acusadas de racismo ao selecionar as meninas que fazem a promoção dos produtos. o motivo do estardalhaço? uma certa sigla depurativa que constava na ficha da agência em letras graúdas: BBR (bleu-blanc-rouge), ou seja, francesa gaulesa nascida e criada! não podia ser uma polonesa que passasse por francesa, muito menos uma negra francesa, a empresa exigia 100% de fidelidade, ou seria melhor dizer pedigree?

o hábito, definitivamente, não faz o monge...

samedi 14 juillet 2007

encha os bolsos e dispense a bolsa!

tem alguns lugares em que é muito chato carregar bolsa, eu pelo menos não tenho paciência pra levar penduricalhos em shows e parques, por exemplo. pra gente assim, Y's Mandarina criou uma linha interessantíssima: são vestidos, aventais e outras peças de sobreposição carregados de bolsos, de todas as formas e tamanhos, pra você sair de casa levando tudo que precisa.

Y's Mandarina, nasceu da parceria do estilista japônes Yohji Yamamoto com a marca de bolsas italiana Mandarina Duck. a coleção Primavera/Verão 2007 inclui acessórios pra viagem, pochetes (credo!), valises e bolsas, mas a estrela é o modelo da foto, batizado de Tablier (avental).

o modo de usar você escolhe: serve pra vestir ou pra carregar apetrechos. interessante como criação, apesar que eu jamais vestiria um saco de viagem por todas as implicações que cabem à ele, Tablier tem uma silhueta ajustável ao corpo que pode transformá-lo num vestido desestruturado, bem ao gosto de Yohji. o modelo 2 em 1 está por quase 1000 euros na Y's de Paris - você vai ter coragem de desperdiçá-lo como saco de viagem?

mardi 10 juillet 2007

scooter elétrica

não poluir o meio-ambiente é ótimo pra alma do planeta e também pra nossa frágil saúde, mas poder fazer isso com estilo é o melhor de tudo! claro que estamos falando de uma gota num oceano de tsunamis, e eu me pergunto o quanto isso realmente ajuda pra melhorar o ar que respiramos e pode conter a fúria terrestre que anda com os nervos à flor da pele...

se tivermos sorte, após as mudanças climáticas previstas (?) pelos cientistas e muitos cataclismas depois, uma frota de veículos elétricos vai vencer o lobby dos carros à gasolina e circular nas ruas das grandes cidades com popularidade! e a vida, aliada à outras medidas ecológicas, poderá finalmente triunfar saudável.

por hora, uma alternativa que seduz é o look retrô da Scooter EVT 168, o preço do combustível mais ainda: 50 centavos de euro por 100 kms! na França, este modelo que lembra a cultuada Vespa e tem cores fantásticas, custa 2.490 euros. pra encher o tanque é simples, é só parar na frente de uma tomada e carregar de kilowatts. o problema é que não dá pra viajar longe, a autonomia da bateria acaba após rodar 45 kms de puro charme, mas quem quer cansar a beleza e atravessar o mundo em cima de uma motinho?

lundi 9 juillet 2007

vogue en beauté

vendem a exposição "Vogue en Beauté - 1920-2007" como uma das últimas maravilhas do mundo, mas que nada... o que fica claro é que não escolheram à dedo as 100 peças expostas, o que estava à mão foi; isso porque o acervo da Vogue francesa possui cerca de 25 mil registros fotográficos arquivados! a distribuição do material entre as décadas também não é boa, mais da metade da exposição abrange o período de 1985-2007, fotos que ainda estão presentes na nossa memória, uma pena, porque sempre é bom ser surpreendido!

apesar de tudo, o início de "Vogue en Beauté" mostra ilustrações e/ou fotos lindas de corpos e enquadramentos que não vemos mais, mas nem adianta se animar porque são no máximo 20. Mario Testino é, sem dúvida, o fotógrafo que o curador da exposição quis que fosse representativo, ele deixa muito pra trás Helmut Newton e Guy Bourdin, que têm uma foto ali e outra acolá. a mudança estética de como mostrar a mulher durante as décadas está clara, eu só acho que a exposição poderia ser mais interessante se não houvesse a preocupação de mostrar tantas fotos com o perfume Chanel e se manter demais nas últimas décadas. "Vogue en Beauté" rendeu um livro, mais interessante que a própria mostra, com textos aprofundados de cada época e algumas fotos extras.

enfim, se você aparecer em Paris até 2 de setembro e não tiver o que fazer vá, porque também vai poder apreciar cara a cara os globos Coronelli (celestial e terrestre), no saguão da BNF - Bibliothèque Nationale de France. construídos à pedido de Luis XIV por Vincenzo Coronelli, cartógrafo reputadíssimo e monge franciscano de Veneza, eles mostram as conquistas do Rei Sol. além de ser um trabalho belíssimo, é imperdível ver o Brasil representado apenas por negros nus e selvagens: no centro-oeste eles se auto-flagelam e comem a própria carne em super espetinhos de pernas ou braços. exótico no último!

mercredi 4 juillet 2007

moda-bio

nada é tão fashion em Paris quanto comer e usar produtos bios, éticos, equitativos, naturais, reciclados. a histeria é tanta que, pra vocês terem uma idéia, até a mendiga da minha rua só compra na loja bio. ela entra e todo mundo sai correndo, eu adoro a cena!

a moda também começa a entrar com vontade neste segmento e confecções que só utilizam tecidos 100% bios e que pagam o preço justo aos artesãos envolvidos no trabalho (tudo certificado por selos rigorosíssimos, bien sûr!) começam a surgir.

uma delas é a Article-23, de Fréderic Bailly e Adam Love, estilista e colaborador de Karl Lagerfeld, Marianne Faithfull e Antike Batik. o "ético-chique", como eles definem o estilo da marca, é 100% bio, fabricado na Índia por mulheres que não são exploradas e que trabalham em condições apropriadas. pelo menos é o que os selos garantem.

mas nesta avalanche de tecidos ditos ecológicos, os especialistas bios alertam: o bambu e a soja não podem ser creditados como bios! o bambu, apesar de crescer rapidamente com pouca água e sem pesticida, precisa obrigatoriamente de componentes químicos para transformar a sua massa em fio; a soja pede 50% de petróleo para poder formar a fibra. então você já sabe, se a sua causa for ecológica, fique longe dos falsários-bios!

os selos que um eco-fashion precisa conhecer:

AB - selo europeu que certifica que a matéria-prima obedece os critérios bio;
BioRe, IMO e EKO - 2 selos suiços e um holandês de algodão bio e equitativo que garantem um tingimento sem produtos tóxicos e de fabricação controlada;
Ecocert - certifica a qualidade bio e de equidade do produto;
Label Confiance Textile - da ONG austríaca Oeko-Tex, garante a qualidade ecológica da fabricação da matéria-prima;
Max Havelaar - selo independente que garante o carácter de equidade da matéria-prima.

dimanche 1 juillet 2007

o desenho da alma francesa

quem gosta de ilustração e quer conhecer Paris pelo traço simples, mas genial e pleno de humor de um apaixonado pela cidade, "Un peu de Paris" é mágico.

prestes à completar 75 anos, Jean-Jacques Sempé deixou sua cidade natal, Bordeaux, aos 19 anos e nunca mais largou Paris, apesar das dificuldades que enfrentou no início da sua carreira. a partir de 1957, os seus desenhos que se tornariam famosos começaram a estampar os principais jornais e revistas da França e também dos Estados Unidos: cartuns para o New York Times e capas emblemáticas para a The New Yorker. da parceria com René Goscinny, um dos pais de Asterix, nasceu o clássico da literatura infantil "Le Petit Nicolas", personagem que guarda semelhanças muito próximas às vividas pelo próprio ilustrador quando criança.

em "Un peu de Paris", Sempé mostra através do seu olhar irônico, 80 cenas ícones da cidade: as manifestações políticas, as japonesas lotadas de sacolas fotografando lojas chiques, gente fazendo tai-chi no Jardin du Luxembourg, gatos saboreando o sol na janela, gays patinando nas margens do Sena, a rotina dos tradicionais cafés, o Les Deux Magots onde Simone de Beauvoir rascunhava "O Segundo Sexo" e dividia suas idéias com Jean-Paul Sartre.

sem esses símbolos poderosos e tão bem interpretados pelo traço filosófico de Sempé, Paris nunca seria Paris!

vendredi 29 juin 2007

2012 - o ano em que iremos pro espaço

em Paris não se fala em outra coisa! já estão vendendo as passagens pro primeiro vôo turístico espacial: 200 mil euros pra flutuar e poder olhar a Terra lá de cima numa aventura que dura parcos 3 minutos!

se você não pode reservar o seu lugar agora, tem 5 anos pra juntar o dinheiro. quem fará o trajeto é a Astrium, empresa aero-espacial européia que a partir de 2012 inaugura a linha que transportará os abonados turistas pro vôo sub-orbital - o avião leva 4 pessoas por vez, a uma altitude de 100 kms da Terra. segundo pesquisas, a empresa deve vender entre 10 e 15 mil bilhetes por ano. Paris, que há 100 anos viu a aviação florescer nos seus campos com Santos Dumont, também vai decolar para o espaço!

p.s.: sem querer ser alarmista, mas os antigos sacerdotes maias já diziam que 2012 seria o ano em que todos nós iríamos pro espaço, mas naquele sentido figurado...

mercredi 27 juin 2007

vie privée, vie publique

ontem à noite, Brigitte Bardot entregou sentimentos profundos à jornalista Mireille Dumas. sem a aparência desgrenhada que costuma cultivar, ela vestia preto, tinha os olhos cobertos de sombra escura, o sorriso acobreado, os cabelos domados por pequenas flores. foi a primeira vez que Brigitte recebeu alguém da imprensa em Madrague, onde desde 1958 ela tem a sua casa à beira-mar, rodeada de plantas e dos bichos que tanto ama. descalça e com os pés sujos, ela nunca usa chinelos, BB falou sobre a vida de estrela que deixou para trás.

"A celebridade te isola, você está sobre um pedestal, mas está completamente só. O que eu vivi, era ao mesmo tempo fantástico e assustador. A solidão é um sentimento que eu sinto desde que era muito jovem, mas eu a dominei, a aceitei. A ruptura brutal com o cinema me afundou numa grande tristeza, eu não sabia o que fazer daquela nova vida; ao mesmo tempo, se eu tivesse continuado, eu acho que teria terminado como Marilyn."


apesar de ter conquistado o mundo e ser uma mulher riquíssima, Brigitte não conseguiu derrotar a sina de estrela melancólica e atormentada, cuja a vida é, por vezes, um martírio:

"Eu não gosto muito da vida, mas eu detesto a morte. Em certos momentos, isso (ela fala das tentativas de suicídio) me pareceu a única saída para o excesso de desespero em que eu mergulhava. Esse desespero me acompanha desde a infância, ele está em mim. Ainda hoje, há manhãs em que eu acordo e choro... É pra exorcizar este desespero que eu canto, danço, digo bobagens; é por isso, também, que eu me dedicava e brilhava no cinema. além disso, eu precisava me livrar da prisão familiar, daquela educação rígida."

Brigitte abandonou repentinamente a vida de estrela em 1973, a imagem que haviam construído em torno do seu mito era totalmente diferente do que ela achava de si mesma: uma menina simples à procura do amor eterno e do seu príncipe encantado. ela se casou 4 vezes: com o diretor Roger Vadin, o ator Jacques Charrier, o milionário Gunther Sachs e, por último, com o industrial Bernard d'Ormale, com quem está casada desde 1992. Brigitte também foi musa de Serge Gainsbourg, com quem teve um caso enquanto estava casada com Gunther Sachs. a música "Initials BB" foi escrita em sua homenagem.

"Eu sempre fui atrás do amor absoluto, eu procurava a ternura, o carinho, a proteção; liberada de quê? Não fui fui eu que decidi ser um símbolo sexual, eu não concebo a sexualidade sem sentimento, eu acho que estou fora de moda... É verdade que eu jamais fui casada por um tempo longo, mas é tão lindo casar, mesmo que seja por várias vezes! Na verdade eu vivi como eu tive vontade de viver, não me contaminando pela liberação da mulher e seus artifícios que fazem com que hoje as mulheres sejam tão infelizes. Eu não suportaria viver sozinha, eu sou dependente do afeto, da proteção de alguém."


hoje, a mulher de alma solitária e pudica, que um dia foi símbolo da liberação sexual e da emancipação da mulher, quer aceitar a velhice com naturalidade:

"Eu deixei o cinema por vontade própria, eu não queria que me vissem envelhecer. Mas isso é uma evolução natural da vida, é preciso aceitar. Só hoje eu me dou conta da imagem maravilhosa que eu tive, na época eu me achava sem graça... Mesmo assim eu não entendo porque as mulheres fazem lifting!"

a diferença é que "essas" mulheres não são Brigitte Anne-Marie Bardot.


mercredi 20 juin 2007

objeto do desejo


nada mais inconveniente do que você abrir a bolsa e o seu brinquedinho sexual saltar de surpresa no colo de alguma Carmelita Descalça ou mesmo um Irmão Franciscano. eu suspeito que até Deus teria dúvidas em como agir numa situação dessas... mas se for um Yva que fizer a mesma travessura, não vai ter santo que desconfie dos incríveis milagres de um objeto tão xic*xic!

convenhamos, se não fosse para uso íntimo, o sex-toy da marca sueca LELO (Luxury Erotic Lifestyle Objects), com opção super-luxo em ouro 18 quilates, poderia estar numa vitrine de peças de design. de formato sensual, chique e romântico, o estimulador clitoriano tem encaixe perfeito. além de orgasmos múltiplos à exaustão, Yva também pode ser usado para massagear o pescoço e os ombros, deixa tudo incrivelmente relaxado.

aliás, o brinquedinho é ótimo para aqueles compromissos obrigatórios e enfastiantes: ele é pequeno (cabe na palma da mão), tem várias intensidades de vibração e é totalmente silencioso. só a mulher biônica pra ouvi-lo trabalhando debaixo da sua saia! é ligar e esquecer que existe stress no mundo...

samedi 16 juin 2007

"l'air de rien"

Jane Birkin nunca foi fã de perfume, gostava mesmo era de carregar potpourri nos bolsos, mas quando foi convidada pela refinadíssima perfumaria britânica Miller Harris para criar a sua própria fragrância, ela quis traduzir os cheiros que marcaram a sua vida em notas sensuais, assim nasceu "L'Air de Rien".

no laboratório de Lyn Harris, Jane fez um exercício de resgatar as suas lembranças olfativas mais caras: o perfume do cabelo do irmão, do cachimbo do pai, de gavetas limpas, de casas antigas, da cera no chão, da vida na França. cheiros que têm a estranheza peculiar de Jane...

confesso que não consegui distinguir essa atmosfera caseira e familiar em L'Air de Rien, talvez fosse mais fácil pensar em paixões daquelas que deixam o corpo bem quente: baunilha, patchuli, musk, flor de laranjeira; um véu imperceptível e sedutor que envolve o corpo com a filosófica essência do seu "nada" existencial. Jane diz que quis "uma fragrância simples para ser usada com simplicidade".

o desenho da embalagem e do frasco são dela: suas fragéis ninfas guardam muitos dos segredos que, talvez, Jane preferiu jamais compartilhar.

("L'Air de Rien" foi lançado no final do ano passado e em Paris só está à venda no Bon Marché)

vendredi 15 juin 2007

"slogan"

"Slogan", que acaba de sair em DVD, é uma história de amor entre o publicitário em crise Serge, casado e à espera de um filho, e a modelo inglesa Evelyne. nos bastidores da produção de 68, é também o início da paixão entre Serge Gainsbourg e Jane Birkin, que se conhecem durante as filmagens e ficariam juntos por intensos 12 anos.

ele, com 40 anos, era o típico cafajeste parisiense; ela, com 20, recém-divorciada do compositor John Barry, tinha uma filha de meses. o amor não foi à primeira vista, aliás, o encontro da dupla foi um desastre: Serge foi passar as falas e descobriu que a frágil Jane estava longe, muito longe, de dominar o francês... sendo o brucutu temperamental que era, começou a destratá-la até que ela desandasse a chorar, o que não levou muito tempo... mas pouco a pouco o humor foi se adocicando e o encantamento mútuo explodiu para virar mito.

Jane conta que meses depois das filmagens de "Slogan", ela partia à Saint-Tropez para filmar "La Piscine", com Romy Schneider e Alain Delon. Serge subia as paredes histérico de ciúmes porque Delon era bonito demais, no que ele tinha total razão, bien sûr! mas pra compensar o radical desequilíbrio estético, Serge alugou uma limousine 4 vezes maior que a de Delon e ia todo feliz, cantarolando, buscar Jane no seu palácio sobre rodas. repetia: "minha bela limusine! se diria uma caravana árabe!"

além da coincidência dos papéis de Jane-Serge, o enredo do filme também é autobiográfico! o diretor, Pierre Grimblat, publicitário premiado nos anos 60, havia vivido uma separação muito difícil com uma mulher bem mais jovem. vendo o sofrimento do amigo, François Truffaut lhe dá um conselho: se você quer se livrar desta história, faça um filme. "Slogan" é o primeiro filme a enfocar o universo publicitário e foi escrito por Serge Gainsbourg, que também compôs a trilha.

nos 90' de bônus, imagens de bastidores de Jane-Serge e trechos de entrevistas no lançamento do filme (1969), quando eles já eram o célebre casal do ano. para completar, depoimentos atuais de Jane que conta das agruras e delícias do seu encontro com Serge, de Pierre Grimblat e do escritor Fréderic Beigbeder, cujo romance "99 Francs", foi inspirado em "Slogan".

mercredi 13 juin 2007

"diamants sur canapé"

quando Audrey Hepburn, na pele de Holly Golightly, veste este modelo de Hubert de Givenchy para "Breakfast at Tiffany's", todos se emocionam. a cena, em que a doce Holly descobre que o seu querido irmão está morto, é uma das mais melancólicas do filme e o ingênuo vestido rosa com laço na cintura, ajuda a compor o momento de grande fragilidade da personagem.

"Bonequinha de Luxo" marcou época e ditou moda, tanto que 46 anos depois da sua estréia, o vestido foi arrematado na Christie's de Nova York por um comprador europeu que desembolsou 192 mil doláres - seis vezes acima da avaliação mais otimista!

bom, além do filme ter se tornado um clássico, qualquer coisa que Audrey vestisse se tornava sinônimo de elegância e estilo. ela que trabalhou como manequim em Londres, tinha o corpo e a atitude perfeitas para transformar qualquer criação em ícone fashion.

a comédia romântica, baseada no livro homônimo de Truman Capote, rendeu indicação ao Oscar para Audrey e imortalizou o glamour minimalista da atriz belga.

vendredi 8 juin 2007

as babas de Stohrer

a charmosa Patisserie Stohrer, a mais antiga de Paris, também é um monumento histórico. no mesmo endereço desde 1730, sua fachada e decoração peculiares fazem o sucesso do número 51, rue Montorgueil. não é pra menos: o mesmo Paul Baudry que fez as exuberantes pinturas do grand foyeur do Ópera de Paris, também trabalhou nestas paredes em 1860.


Nicolas Stohrer, o fundador, chegou na França em 1725, trazido por Maria Leszczynska, filha do rei Stanislas da Polônia. a princesa, que se tornaria esposa de Luis XV, foi pra Versailles de mala, cuia e pâtissier! Maria tinha crises de depressão só de imaginar que não teria suas deliciosas babas polacas no petit-déjeuner.


Stohrer aprendeu a usar as panelas na cozinha real polonesa. o truque que mudaria a sua vida aconteceu por acaso: um dia, o rei Stanislas chegou de viagem com brioches secos na mala. para reaproveitá-los, Stohrer teve uma idéia tentadora: embebeu os brioches com vinho Málaga, perfumou com açafrão, acrescentou creme de baunilha, salpicou passas e botou na mesa. o rei, que lia "As Mil e Uma Noites", acabou voraz com os brioches customizados e batizou a criação de "Ali-Baba".

e a corte francesa, que não engolia o fato de ter uma rainha vinda da Polônia, não entendia porque mordia a língua toda a vez que as babas eram servidas...

mardi 5 juin 2007

à la Capote


quase todos os dias, um aroma cítrico delicioso invadia um certo vilarejo de Taormina. era Truman Capote, que tirava do forno suas tortinhas de limão e merengue para festejar as tardes de diamante da Sicília. ele não estava só, o companheiro Jack Dunphy, que suspirava a cada nova fornada, o acompanhava no lanche e em tudo o mais. o casal havia alugado os 2 últimos andares de uma antiga casa na lendária ilha pra começar o ano de 1950.


do seu exílio ensolarado, Truman escrevia para os amigos que ficaram em Manhattan ou Hollywood e aproveitava pra se informar de tudo o que acontecia no mundinho do qual ele se ausentara temporariamente; contava da sua rotina na Itália: do trabalho aos seus estados de ânimo, passando por suas relações (de amizade ou não), à criticas sobre a literatura contemporânea, peças teatrais e filmes em cartaz.

são destas cartas que se trata "Un Plaisir Trop Bref: Lettres" ("Too Brief a Treat - The Letters", no original), que saiu há apenas alguns meses na França. na verdade, o livro é quase um diário, Truman escreve como se falasse ao vivo com os amigos: seu estilo mordaz e refinado, que fazia o sucesso das badaladas festas que ele compartilhava, é a alma de grande parte destas cartas.

aos mais resistentes em encontrá-lo na Sicília, Truman descreve o prazer de se pegar um bronzeado italiano ou, com mais sorte, um italiano bronzeado... fala do encontro com o casal Chaplin em Roma, da sua audiência com o Papa Pio XII no Vaticano, do flerte com Montgomery Clift, de Gloria Vanderbilt em Bikini vestida em couro e cílios falsos, de Greta Garbo parecendo um cadáver afogado em protetor solar e outras maldades do gênero.

Truman viveu intensamente sempre, inclusive os momentos de melancolia e angústia, mas atrás daquele homem sofisticado, também vivia uma bem alimentada bicha má. felizmente, tudo ficou documentado. ou quase...

vendredi 1 juin 2007

Pucci-Collectibles

Emilio Pucci já nasceu com um mapa astral perfeito: nobre, rico e chique. filho de uma aristocrática família de Napóles, ele ensaia os primeiros croquis para a equipe de esqui italiana, da qual ele também vestia o uniforme.

com 21 anos deixa de se dedicar ao esporte e vai estudar nos Estados Unidos. em 1947 aparece esquiando na Harper's Bazaar com um modelo próprio e então o sucesso desembesta de uma só vez! Emilio instala sua primeira maison no palácio da família, em Firenze, e abre sua boutique em Capri, na época rota obrigatória dos jet-setters, os seus grandes consumidores.

dos anos 50 aos 70, Pucci foi a marca predestinada às mulheres que procuravam um estilo moderno e original. suas estampas inspiradas em imagens de caleidoscópio e as cores enérgicas contrastavam com as silhuetas rigídas da época, ganhando força e conquistando um espaço que ainda não tinha dono. Pucci foi também um visionário.

estrelas de estilos e temperamentos tão diferentes como Marylin Monroe, Jackie Kennedy O'nassis e Grace Kelly vestiram suas disputadas criações.

daí se passam 60 anos e a maison Pucci relança 4 peças que marcaram época para comemorar a data: 3 ícones do vestuário Pucci (um deles ao lado) e a bolsa de mão, em seda, "Fiochetti". batizados de "Collectibles", é tudo vintage, tudo xic*xic e limitadíssimo: 300 exemplares de cada relíquia fashion.

mercredi 30 mai 2007

passeio de gato

quem tem gato sabe o quanto eles são frescos, sarcásticos e temperamentais, verdadeiras estrelas cheias de caprichos e manias. o meu, por exemplo, se recusa a encostar as patas fora de casa, diz que não quer ter o desprazer de encontrar com cachorros, animais que ele considera inferiores e completamente idiotas.

além disso, Gummi também odeia ter que sair na gaiolinha. reclama que não é um meio civilizado para alguém como ele se deslocar pelas ruas de Paris, que as pessoas podem confundi-lo com um selvagem acorrentado atrás das pequenas grades.

mas com este modelo tradicional, Gummi pode viajar confortável, tranquilo e com toda a discrição de um astro. as amplas janelas o deixam livre pra apreciar a paisagem ou mesmo pra fazer "fú" pro cão indesejável que eventualmente cruze o mesmo caminho.

nestas horas Gummi bufa e mia indignado: "infelizmente eu não estou só no mundo".

mardi 29 mai 2007

lava-bate-esfrega-centrifuga


bom, as pessoas têm todo o tipo de fetiche... pensando nisso, os franceses inventaram uma máquina de lavar roupas especial pro quarto, não é ótimo? o mimo, limitadíssimo, com apenas 300 unidades promete causar furor!

Chantal Thomas, que cria as lingeries mais finas e sexys de Paris, assina "Dessus/Dessous", que você decide como, quando, com quem e o melhor lugar para se usar. a cinta-liga fica por sua conta!

kitsch e frou-frou, revestido com estofamento de seda rosa e insinuantes laços de cetim nas laterais para os amantes mais exigentes, não falta mais nada pra este modelo xic*xic! obviamente ele tem um programa de lavagem especial lingerie para as suas peças mais delicadas!

a pergunta "quer lavar roupa em casa?", vai ganhar novos e persuasivos contornos na pacata vida francesa...

samedi 26 mai 2007

tico-tico


sempre é bom ter um radinho AM/FM por perto, vocês sabem que em Paris é obrigatório ter um em casa, eu já falei disso uma vez no
  • Paris à Go-Go em "Cidade Alerta". então, já que é obrigação, melhor ter um Tykho minimalista que a gente pode largar em qualquer lugar porque vai ficar xic*xic igual!

  • com parcos 14cms, o modelo foi desenhado pelo francês Marc Berthier e ganhou o primeiro lugar do "Accent on Design", prêmio oferecido pelo MoMA.

    disponível em todas as cores do arco-íris e muito mais!, o rádio é feito de borracha macia, é super agradável de se tocar, e pra procurar as estações é só girar a antena. se ele tivesse cheiro de fruta eu já teria mordido!

    Tykho faz parte da coleção permanente de design do MoMA de Nova York e do Centre Pompidou de Paris.

    vendredi 25 mai 2007

    quando Chagall soltou os bichos

    se você é do tipo que só coloca livros bonitos na estante, este merece um bom destaque: "Les Fables de la Fontaine" não é novo, a 3ª e última edição é de 2003, mesmo ano em que foi lançado no Brasil.

    do francês Jean de la Fontaine, que reescreveu dezenas de fábulas de origem grega e latina no século XVII, o livro tem o charme extra de ter sido ilustrado por Marc Chagall.

    o pintor russo se dedicou 5 anos ao projeto, entre 1926 e 1931, e apresentou 100 belíssimos guaches que retratam o universo das 43 fábulas selecionadas. a importância deste trabalho também está no fato que Chagall ensaiava uma nova linha de criação: transcrever plasticamente as imagens que saltavam dos textos.

    claro que todos os originais foram vendidos para ávidos colecionadores do mundo todo! infelizmente só uma parte destes guaches estão no livro, que é um verdadeiro encanto! mesmo que você ache chato ler fábulas, vai amar a sensibilidade com que Chagall interpretou o imaginário de cada uma delas. como eu adoro fábulas, pra mim é um livro perfeito!


    jeudi 24 mai 2007

    patati-patata



    muita gente não gostou do meu telefone vintage rosa! não vou falar em inveja porque não é do meu feitio, mas teve também os que me acharam destemperada só porque costumo tacar o telefone na parede em conversas mais acaloradas. digam o que quiser, eu não ligo, cada um sabe onde aperta o seu próprio calo. tem gente que come gente, eu pelo menos fico na minha.


    para quem fez pouco do meu lindo aparelho e com a intenção de provar que não estou magoada, indico este meigo, de crochet da Anne-Claire Petit, que você pode usar como doudou e dormir junto também. o "trim-trim" é tão suave que não assustaria nem aquele bebê mais histérico. e sabe aquelas conversas chatas e modorrentas que te fazem pegar no sono? ele foi feito pra isso!

    mercredi 23 mai 2007

    lave com estilo


    eu sempre falo o quanto a vida doméstica é dura em Paris... não tem essa de "secretária" pra ajudar nas tarefas de casa e muitas vezes mal cabem todos os eletrodomésticos que se tem normalmente no Brasil e que tornam a vida mais fácil. o espaço aqui é apertado e o conceito de pequeno pra um parisiense é bem diferente do de um brasileiro, pode ter certeza!

    se você reclama que tem uma área de serviço comprimida, saiba que elas praticamente não existem em Paris. a boa notícia é que se você prefere eletros com estilo vintage, poderá comprar esta Smeg sem grandes problemas, ela custa um salário mínimo francês e o truque é que ela fica linda até no meio da sala, tipo um frigo-bar, ou você adivinhou que era uma máquina de lavar?

    sabe que, pensando agora, de repente eu boto o telefone em cima com uma toalhinha bordada de Versailles, acho que dá certo, hehe.

    lundi 21 mai 2007

    disque-rosa

    atender à um telefone, mesmo em Paris, pode ser uma tarefa pra lá de estressante. o telemarketing francês é uma realidade tão abusiva quanto é no Brasil, por isso a escolha de um aparelho robusto é fundamental. explico: os modelos atuais não possuem a mesma corpulência exigida para aquele momento de transtorno máximo em que se resolve desligar bruscamente o telefone; eles são leves e fragéis demais. pergunto: quantas vezes você já não quebrou um telefone, não apenas de ódio, mas pelo simples fato do aparelho ter baixa resistência à quedas ou à pancadas bem dadas na parede? pois é, esta é a indústria moderna, que fabrica aparelhos totalmente descartavéis e nos mantém reféns deste círculo vicioso.

    mas com este modelo tudo muda: totalmente fabricado com peças originais, é um aparelho autêntico, forte, vintage e xic*xic. com ele eu me sinto totalmente à vontade e segura pra bater o telefone na cara de qualquer bête, ele tem o peso ideal pra isso! fora que a cor é relaxante e ajuda a desobstruir o canal que pode estar bloqueando a paciência. eu estou completamente satisfeita!

    vendredi 18 mai 2007

    Cannes glamour


    eu acho chato falar que o Fellini ganhou a "Palma das Palmas" de diretor em Cannes e não comentar nada do seu patrício que também está arrasando no evento, fica parecendo que eu quero criar alguma inimizade e isso não é verdade.

    Sergio Rossi, parido e criado na mesma Rimini que Fellini tanto amou, desenhou escarpins especialmente para os 60 anos do festival, não somente para as divas que pisarão no red carpet, mas também para as simples mortais. se você conseguir se equilibrar num dos altíssimos exemplares, poderá repetir como Elis Regina: "agora eu sou uma estrela!".

    jeudi 17 mai 2007

    hors concours de 60 Cannes


    o número de Cannes é 60! sendo assim, reuniram 60 críticos, cineastas e diretores de todo o mundo (Walter Salles votou pelo Brasil), pra coroarem a "Palma das Palmas", o filme mais importante desses 60 festivais. e não é que deu Fellini? "A Doce Vida", premiado coincidentemente em 1960, pode não ser o seu melhor filme, mas foi o único que lhe rendeu a Palma de Ouro.

    Anita Ekberg e seu ego maior que os tetons, fez um comentário nada xic*xic: "fui eu que tornei Fellini célebre, não o contrário." par contre, poderíamos dizer: quem conheceria a peituda que se banha despudorada com Mastroianni na Fontana de Trevi sem "La Dolce Vita? oremos por misericórdia porque a sueca não sabe o que diz....

    falando nas loirices de Anita, Dominique Delouche, assistente de Fellini em "Noites de Cabíria", "A Trapaça" e "A Doce Vida", conta em seu livro recém-lançado, "Mes Felliniennes Années", da amizade com o grande diretor. um dia Fellini comentou, durante as filmagens de "A Doce Vida", que Anita lhe perguntou: "o senhor pode me explicar porque não tem nenhum personagem normal no filme?". então Fellini gritou: "CORTA!" (HAHAHAHA!)

    *e atrás de Fellini ficou Coppola ("Apocalypse Now"), Scorsese ("Taxi Driver") e Buñel ("Viridiana").

    mercredi 16 mai 2007

    Cannes 60

    hoje começa a 60ª edição do Festival de cinema mais cult do sistema solar, então fui conferir a exposição que está no Bon Marché, a loja de departamentos mais badalada da Rive Gauche. "Travelling sur Cannes" é uma homenagem às seis décadas do evento, clicadas por Emanuele Scorcelletti.

    eles fizeram assim: no sub-solo do magasin montaram uma sala de cinema xic*xic e botaram sobre cada cadeira de estofado vermelho, a foto mais emblemática de cada ano. no fundo da sala ficam os envelopes com os ganhadores da Palma de Ouro (o mimo é produzido pela suiça Chopard, que redesenhou a palma em 1998), e no telão uma seleção com trechos históricos da premiação. entre eles, o dueto de Vanessa Paradis e Jeanne Moreau, de 1997.

    pena que eu não consegui a foto mais divertida pra postar: Peter Fonda, Jack Nicholson e Dennis Hopper posando com duas starlets. foi tirada em 1969, quando "Easy Rider" foi apresentado em Cannes. tem também o Arnold Schwarzenegger de sunga e fazendo muque na época em que ele despontava como barbie, a Jodie Foster tomando sorvete pros fotógrafos no ano de "Taxi Driver" e Alfred Hitchcock com Tippy Hedren (a mãe da Melanie Griffith) promovendo uma revoada de 200 pássaros. a boa ação promovia, bien sûr, "Os Pássaros". na foto ao lado (1956), Kim Novak e Brigitte Bardot já musas, mas antes de se tornarem as grandes estrelas que seriam.