vendredi 29 juin 2007

2012 - o ano em que iremos pro espaço

em Paris não se fala em outra coisa! já estão vendendo as passagens pro primeiro vôo turístico espacial: 200 mil euros pra flutuar e poder olhar a Terra lá de cima numa aventura que dura parcos 3 minutos!

se você não pode reservar o seu lugar agora, tem 5 anos pra juntar o dinheiro. quem fará o trajeto é a Astrium, empresa aero-espacial européia que a partir de 2012 inaugura a linha que transportará os abonados turistas pro vôo sub-orbital - o avião leva 4 pessoas por vez, a uma altitude de 100 kms da Terra. segundo pesquisas, a empresa deve vender entre 10 e 15 mil bilhetes por ano. Paris, que há 100 anos viu a aviação florescer nos seus campos com Santos Dumont, também vai decolar para o espaço!

p.s.: sem querer ser alarmista, mas os antigos sacerdotes maias já diziam que 2012 seria o ano em que todos nós iríamos pro espaço, mas naquele sentido figurado...

mercredi 27 juin 2007

vie privée, vie publique

ontem à noite, Brigitte Bardot entregou sentimentos profundos à jornalista Mireille Dumas. sem a aparência desgrenhada que costuma cultivar, ela vestia preto, tinha os olhos cobertos de sombra escura, o sorriso acobreado, os cabelos domados por pequenas flores. foi a primeira vez que Brigitte recebeu alguém da imprensa em Madrague, onde desde 1958 ela tem a sua casa à beira-mar, rodeada de plantas e dos bichos que tanto ama. descalça e com os pés sujos, ela nunca usa chinelos, BB falou sobre a vida de estrela que deixou para trás.

"A celebridade te isola, você está sobre um pedestal, mas está completamente só. O que eu vivi, era ao mesmo tempo fantástico e assustador. A solidão é um sentimento que eu sinto desde que era muito jovem, mas eu a dominei, a aceitei. A ruptura brutal com o cinema me afundou numa grande tristeza, eu não sabia o que fazer daquela nova vida; ao mesmo tempo, se eu tivesse continuado, eu acho que teria terminado como Marilyn."


apesar de ter conquistado o mundo e ser uma mulher riquíssima, Brigitte não conseguiu derrotar a sina de estrela melancólica e atormentada, cuja a vida é, por vezes, um martírio:

"Eu não gosto muito da vida, mas eu detesto a morte. Em certos momentos, isso (ela fala das tentativas de suicídio) me pareceu a única saída para o excesso de desespero em que eu mergulhava. Esse desespero me acompanha desde a infância, ele está em mim. Ainda hoje, há manhãs em que eu acordo e choro... É pra exorcizar este desespero que eu canto, danço, digo bobagens; é por isso, também, que eu me dedicava e brilhava no cinema. além disso, eu precisava me livrar da prisão familiar, daquela educação rígida."

Brigitte abandonou repentinamente a vida de estrela em 1973, a imagem que haviam construído em torno do seu mito era totalmente diferente do que ela achava de si mesma: uma menina simples à procura do amor eterno e do seu príncipe encantado. ela se casou 4 vezes: com o diretor Roger Vadin, o ator Jacques Charrier, o milionário Gunther Sachs e, por último, com o industrial Bernard d'Ormale, com quem está casada desde 1992. Brigitte também foi musa de Serge Gainsbourg, com quem teve um caso enquanto estava casada com Gunther Sachs. a música "Initials BB" foi escrita em sua homenagem.

"Eu sempre fui atrás do amor absoluto, eu procurava a ternura, o carinho, a proteção; liberada de quê? Não fui fui eu que decidi ser um símbolo sexual, eu não concebo a sexualidade sem sentimento, eu acho que estou fora de moda... É verdade que eu jamais fui casada por um tempo longo, mas é tão lindo casar, mesmo que seja por várias vezes! Na verdade eu vivi como eu tive vontade de viver, não me contaminando pela liberação da mulher e seus artifícios que fazem com que hoje as mulheres sejam tão infelizes. Eu não suportaria viver sozinha, eu sou dependente do afeto, da proteção de alguém."


hoje, a mulher de alma solitária e pudica, que um dia foi símbolo da liberação sexual e da emancipação da mulher, quer aceitar a velhice com naturalidade:

"Eu deixei o cinema por vontade própria, eu não queria que me vissem envelhecer. Mas isso é uma evolução natural da vida, é preciso aceitar. Só hoje eu me dou conta da imagem maravilhosa que eu tive, na época eu me achava sem graça... Mesmo assim eu não entendo porque as mulheres fazem lifting!"

a diferença é que "essas" mulheres não são Brigitte Anne-Marie Bardot.


mercredi 20 juin 2007

objeto do desejo


nada mais inconveniente do que você abrir a bolsa e o seu brinquedinho sexual saltar de surpresa no colo de alguma Carmelita Descalça ou mesmo um Irmão Franciscano. eu suspeito que até Deus teria dúvidas em como agir numa situação dessas... mas se for um Yva que fizer a mesma travessura, não vai ter santo que desconfie dos incríveis milagres de um objeto tão xic*xic!

convenhamos, se não fosse para uso íntimo, o sex-toy da marca sueca LELO (Luxury Erotic Lifestyle Objects), com opção super-luxo em ouro 18 quilates, poderia estar numa vitrine de peças de design. de formato sensual, chique e romântico, o estimulador clitoriano tem encaixe perfeito. além de orgasmos múltiplos à exaustão, Yva também pode ser usado para massagear o pescoço e os ombros, deixa tudo incrivelmente relaxado.

aliás, o brinquedinho é ótimo para aqueles compromissos obrigatórios e enfastiantes: ele é pequeno (cabe na palma da mão), tem várias intensidades de vibração e é totalmente silencioso. só a mulher biônica pra ouvi-lo trabalhando debaixo da sua saia! é ligar e esquecer que existe stress no mundo...

samedi 16 juin 2007

"l'air de rien"

Jane Birkin nunca foi fã de perfume, gostava mesmo era de carregar potpourri nos bolsos, mas quando foi convidada pela refinadíssima perfumaria britânica Miller Harris para criar a sua própria fragrância, ela quis traduzir os cheiros que marcaram a sua vida em notas sensuais, assim nasceu "L'Air de Rien".

no laboratório de Lyn Harris, Jane fez um exercício de resgatar as suas lembranças olfativas mais caras: o perfume do cabelo do irmão, do cachimbo do pai, de gavetas limpas, de casas antigas, da cera no chão, da vida na França. cheiros que têm a estranheza peculiar de Jane...

confesso que não consegui distinguir essa atmosfera caseira e familiar em L'Air de Rien, talvez fosse mais fácil pensar em paixões daquelas que deixam o corpo bem quente: baunilha, patchuli, musk, flor de laranjeira; um véu imperceptível e sedutor que envolve o corpo com a filosófica essência do seu "nada" existencial. Jane diz que quis "uma fragrância simples para ser usada com simplicidade".

o desenho da embalagem e do frasco são dela: suas fragéis ninfas guardam muitos dos segredos que, talvez, Jane preferiu jamais compartilhar.

("L'Air de Rien" foi lançado no final do ano passado e em Paris só está à venda no Bon Marché)

vendredi 15 juin 2007

"slogan"

"Slogan", que acaba de sair em DVD, é uma história de amor entre o publicitário em crise Serge, casado e à espera de um filho, e a modelo inglesa Evelyne. nos bastidores da produção de 68, é também o início da paixão entre Serge Gainsbourg e Jane Birkin, que se conhecem durante as filmagens e ficariam juntos por intensos 12 anos.

ele, com 40 anos, era o típico cafajeste parisiense; ela, com 20, recém-divorciada do compositor John Barry, tinha uma filha de meses. o amor não foi à primeira vista, aliás, o encontro da dupla foi um desastre: Serge foi passar as falas e descobriu que a frágil Jane estava longe, muito longe, de dominar o francês... sendo o brucutu temperamental que era, começou a destratá-la até que ela desandasse a chorar, o que não levou muito tempo... mas pouco a pouco o humor foi se adocicando e o encantamento mútuo explodiu para virar mito.

Jane conta que meses depois das filmagens de "Slogan", ela partia à Saint-Tropez para filmar "La Piscine", com Romy Schneider e Alain Delon. Serge subia as paredes histérico de ciúmes porque Delon era bonito demais, no que ele tinha total razão, bien sûr! mas pra compensar o radical desequilíbrio estético, Serge alugou uma limousine 4 vezes maior que a de Delon e ia todo feliz, cantarolando, buscar Jane no seu palácio sobre rodas. repetia: "minha bela limusine! se diria uma caravana árabe!"

além da coincidência dos papéis de Jane-Serge, o enredo do filme também é autobiográfico! o diretor, Pierre Grimblat, publicitário premiado nos anos 60, havia vivido uma separação muito difícil com uma mulher bem mais jovem. vendo o sofrimento do amigo, François Truffaut lhe dá um conselho: se você quer se livrar desta história, faça um filme. "Slogan" é o primeiro filme a enfocar o universo publicitário e foi escrito por Serge Gainsbourg, que também compôs a trilha.

nos 90' de bônus, imagens de bastidores de Jane-Serge e trechos de entrevistas no lançamento do filme (1969), quando eles já eram o célebre casal do ano. para completar, depoimentos atuais de Jane que conta das agruras e delícias do seu encontro com Serge, de Pierre Grimblat e do escritor Fréderic Beigbeder, cujo romance "99 Francs", foi inspirado em "Slogan".

mercredi 13 juin 2007

"diamants sur canapé"

quando Audrey Hepburn, na pele de Holly Golightly, veste este modelo de Hubert de Givenchy para "Breakfast at Tiffany's", todos se emocionam. a cena, em que a doce Holly descobre que o seu querido irmão está morto, é uma das mais melancólicas do filme e o ingênuo vestido rosa com laço na cintura, ajuda a compor o momento de grande fragilidade da personagem.

"Bonequinha de Luxo" marcou época e ditou moda, tanto que 46 anos depois da sua estréia, o vestido foi arrematado na Christie's de Nova York por um comprador europeu que desembolsou 192 mil doláres - seis vezes acima da avaliação mais otimista!

bom, além do filme ter se tornado um clássico, qualquer coisa que Audrey vestisse se tornava sinônimo de elegância e estilo. ela que trabalhou como manequim em Londres, tinha o corpo e a atitude perfeitas para transformar qualquer criação em ícone fashion.

a comédia romântica, baseada no livro homônimo de Truman Capote, rendeu indicação ao Oscar para Audrey e imortalizou o glamour minimalista da atriz belga.

vendredi 8 juin 2007

as babas de Stohrer

a charmosa Patisserie Stohrer, a mais antiga de Paris, também é um monumento histórico. no mesmo endereço desde 1730, sua fachada e decoração peculiares fazem o sucesso do número 51, rue Montorgueil. não é pra menos: o mesmo Paul Baudry que fez as exuberantes pinturas do grand foyeur do Ópera de Paris, também trabalhou nestas paredes em 1860.


Nicolas Stohrer, o fundador, chegou na França em 1725, trazido por Maria Leszczynska, filha do rei Stanislas da Polônia. a princesa, que se tornaria esposa de Luis XV, foi pra Versailles de mala, cuia e pâtissier! Maria tinha crises de depressão só de imaginar que não teria suas deliciosas babas polacas no petit-déjeuner.


Stohrer aprendeu a usar as panelas na cozinha real polonesa. o truque que mudaria a sua vida aconteceu por acaso: um dia, o rei Stanislas chegou de viagem com brioches secos na mala. para reaproveitá-los, Stohrer teve uma idéia tentadora: embebeu os brioches com vinho Málaga, perfumou com açafrão, acrescentou creme de baunilha, salpicou passas e botou na mesa. o rei, que lia "As Mil e Uma Noites", acabou voraz com os brioches customizados e batizou a criação de "Ali-Baba".

e a corte francesa, que não engolia o fato de ter uma rainha vinda da Polônia, não entendia porque mordia a língua toda a vez que as babas eram servidas...

mardi 5 juin 2007

à la Capote


quase todos os dias, um aroma cítrico delicioso invadia um certo vilarejo de Taormina. era Truman Capote, que tirava do forno suas tortinhas de limão e merengue para festejar as tardes de diamante da Sicília. ele não estava só, o companheiro Jack Dunphy, que suspirava a cada nova fornada, o acompanhava no lanche e em tudo o mais. o casal havia alugado os 2 últimos andares de uma antiga casa na lendária ilha pra começar o ano de 1950.


do seu exílio ensolarado, Truman escrevia para os amigos que ficaram em Manhattan ou Hollywood e aproveitava pra se informar de tudo o que acontecia no mundinho do qual ele se ausentara temporariamente; contava da sua rotina na Itália: do trabalho aos seus estados de ânimo, passando por suas relações (de amizade ou não), à criticas sobre a literatura contemporânea, peças teatrais e filmes em cartaz.

são destas cartas que se trata "Un Plaisir Trop Bref: Lettres" ("Too Brief a Treat - The Letters", no original), que saiu há apenas alguns meses na França. na verdade, o livro é quase um diário, Truman escreve como se falasse ao vivo com os amigos: seu estilo mordaz e refinado, que fazia o sucesso das badaladas festas que ele compartilhava, é a alma de grande parte destas cartas.

aos mais resistentes em encontrá-lo na Sicília, Truman descreve o prazer de se pegar um bronzeado italiano ou, com mais sorte, um italiano bronzeado... fala do encontro com o casal Chaplin em Roma, da sua audiência com o Papa Pio XII no Vaticano, do flerte com Montgomery Clift, de Gloria Vanderbilt em Bikini vestida em couro e cílios falsos, de Greta Garbo parecendo um cadáver afogado em protetor solar e outras maldades do gênero.

Truman viveu intensamente sempre, inclusive os momentos de melancolia e angústia, mas atrás daquele homem sofisticado, também vivia uma bem alimentada bicha má. felizmente, tudo ficou documentado. ou quase...

vendredi 1 juin 2007

Pucci-Collectibles

Emilio Pucci já nasceu com um mapa astral perfeito: nobre, rico e chique. filho de uma aristocrática família de Napóles, ele ensaia os primeiros croquis para a equipe de esqui italiana, da qual ele também vestia o uniforme.

com 21 anos deixa de se dedicar ao esporte e vai estudar nos Estados Unidos. em 1947 aparece esquiando na Harper's Bazaar com um modelo próprio e então o sucesso desembesta de uma só vez! Emilio instala sua primeira maison no palácio da família, em Firenze, e abre sua boutique em Capri, na época rota obrigatória dos jet-setters, os seus grandes consumidores.

dos anos 50 aos 70, Pucci foi a marca predestinada às mulheres que procuravam um estilo moderno e original. suas estampas inspiradas em imagens de caleidoscópio e as cores enérgicas contrastavam com as silhuetas rigídas da época, ganhando força e conquistando um espaço que ainda não tinha dono. Pucci foi também um visionário.

estrelas de estilos e temperamentos tão diferentes como Marylin Monroe, Jackie Kennedy O'nassis e Grace Kelly vestiram suas disputadas criações.

daí se passam 60 anos e a maison Pucci relança 4 peças que marcaram época para comemorar a data: 3 ícones do vestuário Pucci (um deles ao lado) e a bolsa de mão, em seda, "Fiochetti". batizados de "Collectibles", é tudo vintage, tudo xic*xic e limitadíssimo: 300 exemplares de cada relíquia fashion.