mardi 28 août 2007

a marca da estrela

no início do mês fez 45 anos que Marilyn foi obrigada a partir. ela só tinha 36 anos e nunca conheceu Paris! fiquei triste pelas duas quando soube, elas teriam se adorado! dizem que a estrela nunca pisou na Champs Elysées para não rivalizar com Brigitte Bardot, vai saber...

mas na ficção, Marilyn veio dançar no Moulin Rouge e fazer fortuna em Paris. sua personagem Lorelei Lee, na comédia "Os homens preferem as loiras", faz até compras na Maison Balenciaga, um luxo!

no ano passado, o Museu Maillol finalmente trouxe a musa. Marilyn estava linda em sua última sessão clicada por Bert Stern. uma sintonia forte explodiu entre eles e ela topou posar sem maquiagem e super à vontade. no frigobar do quarto, garrafas e mais garrafas de champagne francesa gelaram e esvaziaram.

o editorial era para a Vogue americana, mas grande parte do material foi recusado. as fotos eram ousadas demais, quer dizer, uma estrela não poderia ter cicatrizes e se tivesse, não poderia mostrá-las - divas são perfeitas! as fotos glamour foram publicadas, um dia após a sua morte, e as que Marilyn se mostrava em pêlo, apenas em 1982.

tudo isso pra contar uma das melhores cenas que presenciei em Paris: no Salão da Foto, onde estava à venda alguns originais deste trabalho, um casal jovem com 2 crianças pequenas arrematou o painel com 8 fotos. e eles saíram do complexo do Louvre assim, carregando a estrela nos braços e com os petits pulando em volta feito rãs assanhadas. entre as rosas e seus cachos platinados, Marilyn não tinha nada para esconder.

lundi 20 août 2007

táxi, táxi!


agora é assim que a gente também pode pegar táxi em Paris! o Cyclobulle, um triciclo motorizado cor de gema de ovo caipira, chega depois de fazer sucesso nas cidades de Lille e Lyon. em Amsterdã, Londres e Berlim já transitam faz tempo modelos similares de pousse-pousse, que desafogam o transporte local e emprestam um certo charme rústico às ruas.

o Cyclobulle pode acomodar até 2 pessoas no seu banquinho fofo e a corrida custa menos que um bilhete de metrô (1,40 €)! esta ótima, simpática e barata opção de transporte ainda está começando: tem 5 veículos circulando e está restrita a 3 arrondissements apenas (o 1º, 2º e 3º), mas o táxi-triciclo deve ganhar muito espaço nas ruas de Paris - além do precinho super amigo, ele é um tipo de condução que não polui o judiado meio-ambiente. eu só gostaria que o amarelo fosse um pouco menos gritante...



mardi 14 août 2007

"O Vale das Bonecas"

pra minha alegria, "Valley of the Dolls", de Jacqueline Susann, voltou a ganhar destaque nas prateleiras das livrarias de Nova York. quase dei um grito quando o vi ao lado das novas edições sobre Marilyn Monroe, estrela que tem tudo a ver com o universo abordado no livro.

Jacqueline conhecia bem o mundo que passou para o romance. ela mesmo foi uma atriz que tentou o sucesso na Broadway nos anos 50. suas ambiciosas meninas, Anne Welles, Jennifer North e Neely O'Hara, se conhecem em Nova York e estão em busca do glamour e de uma vida confortável. no meio do caminho nada florido, elas se entopem de pílulas e bebida, mentem a idade, caçam admiradores que banquem seus pequenos luxos e fazem de tudo pra manter o frescor da beleza com métodos que nos fazem rir. na verdade, tudo é muito triste... a mastectomia que dilacerou Jacqueline é purgada no livro, na pele de Jennifer.

na época do seu lançamento, em 1966, as críticas foras as piores. Jacqueline foi retalhada pela conservadora imprensa americana e acusada de pornográfica e vulgar. num país em que Henry Miller e James Joyce foram processados por pornografia isso é o de menos, fora que "O Vale das Bonecas" vendeu feito coca-cola e foi transformado em filme um ano depois. as trágicas heroínas do romance foram vividas na tela por Barbara Parkins, Patty Duke e a ofuscante Sharon Tate.

a talentosa e auto-destrutiva personagem de Nelly, foi construída com elementos das atrizes Judy Garland, Betty Hutton e Frances Farmer. a amiga manipuladora de Anne, a estrela da Broadway Helen Lawson, foi moldada em Ethel Merman, conhecida como "Rainha da Broadway" e com quem Jacqueline teve um caso (ela era bissexual). Jennifer, minha personagem preferida, foi inspirada numa namorada da autora, a pin-up, cantora, dançarina e atriz Carole Landis. algumas preciosas gotas de Marilyn Monroe também foram derramadas. segundo Jacqueline, Tony Polar, o cantor de sucesso e marido limítrofe de Jennifer, teve Dean Martin como fonte. outros dizem que foi Frank Sinatra, digamos que é uma mistura dos 2.

alguns consideram o livro empoeirado, pra mim a escritora foi feliz em apresentar o início de toda a histeria estética que vivemos nos últimos tempos, além de retratar cruamente a sempre excitante e cruel indústria do entretenimento. "O Vale das Bonecas" é uma delícia de se ler!

antes de mudar pra Paris eu me desfiz do livro, em Nova York vou botá-lo novamente na estante, ao lado do telefone cor-de-rosa.

jeudi 9 août 2007

"The Rolling Stones Rock'n'Roll Circus"

toda terça, no canal alemão Arte, tem passado filmes, shows e documentários sobre a época do "Verão do Amor". nesta semana, foi a vez da apresentação do "The Rolling Stones Rock'n'Roll Circus", exibido pela BBC em 1968, com os já ídolos de 20 e poucos anos e que se tornariam ícones absolutos do rock.

idéia original de Mick Jagger, o show com bandas britânicas tocando num picadeiro entre atrações de circo, é imperdível pra quem tem curiosidade ou saudosismo de ver em ação, há 4 décadas, os garotos prodígios do Rolling Stones, The Who, Jethro Tull, Marianne Faithfull (lindíssima!) e a então nova banda de John Lennon, Dirty Mac.

os integrantes dos Stones (ainda com Brian Jones, que morreria tragicamente meses depois), se revezam no posto de mestre de cerimônia e são as estrelas do espetáculo tocando 6 músicas. Keith Richards e Mick Jagger fazem um dueto, cantando descompromissadamente no meio da platéia. sim, Keith é um desafino só e, talvez por isso, cantasse olhando pra baixo... já Mick não cansava de fazer caras e bocas pras câmeras, ele também tira a camisa enquanto canta "Sympathy for the Devil" pra exibir as tatuagens de diabo feitas de canetinha.

mas o grande momento fica por conta de John Lennon e Mick Jagger, conversando como bons sirs na hora do chá. Michael (Jagger) e Winston (Lennon), como eles se tratam, falam sobre o Dirty Mac, formado por Keith Richards (como baixista), Mitch Mitchell (baterista que tocou com Jimi Hendrix) e Eric Clapton (irreconhecível!!!). claaaaaaro que Yoko Ono também participava da banda soltando aqueles grasnados de corvo em sessão de tortura que eu não suporto. eu nunca vou entender Yoko! bom, eu nunca vou entender muitas coisas, deve ser o tal mistério da vida...

"The Rolling Stones Rock'n'Roll Circus" foi dado como perdido até 1989, quando os rolos do programa foram encontrados no meio das tranqueiras do The Who. disponível em dvd, demorou 6 anos pra ser restaurado e vale muito a pena. de uma época em que os sonhos pareciam ser mais viáveis do que agora, mas não devemos desistir jamais! (ai, acho que exagerei, deve ter sido o "Ratatouille"...)

mercredi 8 août 2007

"Hippie"

na livraria do Whitney Museum, em Nova York, a temática atual é a contracultura. além do livro sobre a exposição "Summer of Love • Art of the Psychedelic Era", editado por Christoph Grunenberg, o meu preferido é o "Hippie", do inglês Barry Miles. a capa já é linda (poster de Martin Sharp e Robert Whitaker), o conteúdo perfeito, carregado de fotos, depoimentos e textos explicativos sobre cada evento marcante da emblemática Era de Aquário.

Barry Miles, que escreveu as bios de Frank Zappa, Paul McCartney, Beatles, também é o biografo titular dos beatniks: Allen Ginsberg, William Burroughs, Jack Kerouac, Charles Bukowski e sobre a história da Geração Beat. São Francisco, berço do movimento hippie, não teve segredos pra ele, Barry Milles conhecia todos os seus subterrâneos.

lançado em 2005, "Hippie" tem quase 400 páginas de psicodelia, drogas, política, sexo e rock: Timothy Leary, Beatles, Velvet Underground, Woodstock, Monterey, Hare Krishna, Malcolm X, Fugs, tie-dye, Haight-Ashbury, Jimi Hendrix, Rolling Stones, Paris 68, Geracão do Amor - está tudo no livro. mais do que um tributo ao movimento, "Hippie" é um livro de história sobre uma das épocas mais criativas, libertárias e revolucionárias da humanidade - turn on, tune in, drop out!

mardi 7 août 2007

Summer of Love

"Summer of Love: Art of the Psychedelic Era" não é em Paris, mas como em breve mudo pra Nova York, já vou ensaiando os novos posts. em cartaz no Whitney Museum of American Art até 16/9, a exposição é imperdível pra quem é apaixonado por este período revolucionário de mudanças comportamentais e inspirador, retratado por todos os tipos de arte.

com foco nos pólos da contracultura (São Francisco, Nova York e Londres), "Summer of Love" propõe um passeio psicodélico por salas de vídeo, música, arquitetura, design, fotografia, posters de shows e capas de discos - do final dos anos 60 ao início dos 70.

as salas com projeção de vídeos para se entrar em transe são ótimas, a formação das mandalas, a iluminação e a música sugestivas levam qualquer um pro nirvana. tem também várias cartelas de LSD originais penduradas na parede, imagens de Timothy Leary em eventos, o povo flower-power enlouquecendo nos shows, fotos antológicas dos Beatles, Frank Zappa, Rolling Stones, Andy Warhol, Grateful Dead, todo mundo que marcou a época paz&amor.

pra mim, o melhor foi aproveitar a obra futurista de Verner Panton, "Phantasy Landscape Visiona II" (foto ao lado). pode entrar 5 pessoas por vez e todo mundo se sente à vontade: deita, senta, rola ou se pendura nas formas femininas, confortáveis e de cores fantásticas. felizmente (pra quem está na sala), a "bedel" não expulsa ninguém, pode ficar o tempo que quiser, só não deixa tirar foto de dentro...

para as crianças o grande acontecimento era a sala Aleph Sanctuary, do artista Abdul Mati Klarwein. elas repetiam a fila várias vezes e não se continham ao ver as mulheres com pênis e tanta gente sem roupa transando. ah se fosse em Paris...

e quando tudo termina e você vai parar no restaurante, a surpresa final: o Porsche Cabriolet de Janes Joplin, psicodelicamente pintado por Dave Richards, estacionado no pátio. deu até pra esquecer da temperatura insuportável que estava fazendo em Manhattan!