mardi 5 juin 2007

à la Capote


quase todos os dias, um aroma cítrico delicioso invadia um certo vilarejo de Taormina. era Truman Capote, que tirava do forno suas tortinhas de limão e merengue para festejar as tardes de diamante da Sicília. ele não estava só, o companheiro Jack Dunphy, que suspirava a cada nova fornada, o acompanhava no lanche e em tudo o mais. o casal havia alugado os 2 últimos andares de uma antiga casa na lendária ilha pra começar o ano de 1950.


do seu exílio ensolarado, Truman escrevia para os amigos que ficaram em Manhattan ou Hollywood e aproveitava pra se informar de tudo o que acontecia no mundinho do qual ele se ausentara temporariamente; contava da sua rotina na Itália: do trabalho aos seus estados de ânimo, passando por suas relações (de amizade ou não), à criticas sobre a literatura contemporânea, peças teatrais e filmes em cartaz.

são destas cartas que se trata "Un Plaisir Trop Bref: Lettres" ("Too Brief a Treat - The Letters", no original), que saiu há apenas alguns meses na França. na verdade, o livro é quase um diário, Truman escreve como se falasse ao vivo com os amigos: seu estilo mordaz e refinado, que fazia o sucesso das badaladas festas que ele compartilhava, é a alma de grande parte destas cartas.

aos mais resistentes em encontrá-lo na Sicília, Truman descreve o prazer de se pegar um bronzeado italiano ou, com mais sorte, um italiano bronzeado... fala do encontro com o casal Chaplin em Roma, da sua audiência com o Papa Pio XII no Vaticano, do flerte com Montgomery Clift, de Gloria Vanderbilt em Bikini vestida em couro e cílios falsos, de Greta Garbo parecendo um cadáver afogado em protetor solar e outras maldades do gênero.

Truman viveu intensamente sempre, inclusive os momentos de melancolia e angústia, mas atrás daquele homem sofisticado, também vivia uma bem alimentada bicha má. felizmente, tudo ficou documentado. ou quase...

7 commentaires:

Unknown a dit…

Que delícia de texto!!! Dá vontade de sair correndo pra comprar o livro!!! Adorei o post, acho que Capote aprovaria com entusiasmo!
Dava tudo para ver Greta Garbo em meio à massa corrida de filtro solar! :D:D

Lovely69 a dit…

eu também queria ver greta! e truman e montgomery trocando palavras doces? gore vidal dizia que truman era o homem da voz de "chou de bruxelles", HAHAHAHA! bisous

Anonyme a dit…

certíssima ela, beleza não é dádiva divina nada... pode até ser, mas não dura muito, hahaha! greta sabia disso e queria se precaver - "feia agora, mas bela por muito tempo!" - deveria pensar ela, ensopada de filtro solar.

e o monty, então? ao lado de gregory peck e james dean, na minha singela opinião, ele é um dos mais bonitos galãs de hollywood que já existiram... os de hoje são sem glamour total.

Unknown a dit…

Pois é, uma vez vi um docuemntário sobre Montgomery Clift e diziam (os parentes e amigos) que ele era um homem que sofria muito, que sentia tudo muito profundamente, aí uma mulher disse uma frase que me marcou muito: era como se ele vivesse em carne viva. Talvez fosse por isso que ele era tão grande ator. Eu acho-o sensacional.

Anonyme a dit…

poxa!

"era como se ele vivesse em carne viva".

que impactante!

Unknown a dit…

james dean também era assim, sempre sofrendo, na vida e pelos personagens que interpretava. dennis hopper, amigo e admirador profundo, uma vez disse que vendo o processo de criação de james ele percebeu que nunca seria um bom ator, porque jamais conseguiria sofrer e se entregar a um personagem como ele.

Anonyme a dit…

eu li uma biografia do JJ... minha gente, acho que só os maníacos-depressivos são bons atores de verdade, haha!